Em 13 de agosto, data em que é comemorado o Dia dos Pais, uma postagem de um jovem montesantese chocou a população: “Hoje seria o meu primeiro dia dos pais sendo pai, logo eu que cresci sem um. Nas 39 semanas de gestação uma mãe chega ao “Hospital Monsenhor Berenguer de Monte Santo” com perca de líquido e não lhe é pedido nenhum exame de imagem, apenas fazem diagnóstico básico como ouvir os batimentos do bebê e o grau de dilatação e lhe foi orientada a voltar para casa, apenas retornar ao Hospital na segunda, mas ontem sábado dia 12.08.2023, o coração de mãe fala mais alto e mesmo fora da data prevista pelo médico, ela percebeu algo estranho na sua gestação e procurou novamente o Hospital e foi submetida a uma cesariana urgente e nosso bebê já estava sem vida. Ela não queria mais nada, apenas ser mãe”, a mensagem ainda termina com uma dúvida “Obra da natureza ou Negligência Humana?”
O triste relato de um pai que acabava de perder seu primeiro filho na véspera do Dia dos Pais, comoveu toda a população montesantense e foi compartilhado por dezenas de pessoas nas redes sociais. O desabafo do jovem que teve a coragem de relatar o caso publicamente, colocou luz na escuridão e expôs um grave problema que outras famílias já experimentaram e não têm coragem de falar abertamente sobre a atual gestão do principal Hospital da cidade.
Segundo relatos de moradores, isso já vem ocorrendo no Hospital de Monte Santo há muito tempo e este caso fez surgir diversos comentários de populares que confirmam esta triste situação. “Protegeremos a identidade e não mostraremos os prints salvos para que essas pessoas não sofram ainda mais com perseguições, mas estes relatos foram publicados abertamente nas redes sociais”. A maioria dos comentários são claros ao afirmar que: “Infelizmente eles não foram os primeiros a passar por esta situação”, “uma simples atitude de pedir um uma ultrassonografia teria mudado toda a história e salvado esta vida” afirmou o comentário de uma profissional de saúde. “Até quando vamos permitir isso???, acabei de enterrar o filho saudável, esperado e amado de um amigo!!!, um monte de gente incompetente e desesperada querendo economizar às custas de vidas!!!, Uma gestão preocupada em perseguir pais de família, um hospital com todo potencial nas mãos de um monte de fanthoches, puxa saco que nem sabem o que estão fazendo!, enquanto isso nossos familiares morrem e são maltratados!!!, não vou me calar!.” Afirmou um amigo revoltado do jovem.
O caso ganhou muita repercussão e revolta da população que cobrava diariamente por uma resposta da atual gestão e após 5 dias de silêncio o Hospital Municipal Monsenhor Berenguer finalmente resolveu se pronunciar sobre o caso e se limitou a publicar a seguinte NOTA DE ESCLARECIMENTO:
A Nota foi divulgada em 17 de agosto no Instagram oficial do Hospital Monsenhor Berenguer, entretanto, de forma anti-democrática, após receber uma enxurrada de comentários negativos e outras denúncias de moradores, o Hospital resolveu apagar todas as mensagens e desativar novos comentários na publicação, para silenciar assim qualquer voz que pudesse ser contrária ao conteúdo da nota.
A publicação da Nota aumentou ainda mais a revolta na família, amigos e também na população de Monte Santo, tornando o caso ainda mais visível e estarrecedor, pois com uma simples leitura é possível facilmente concluir que há uma tentativa de imputar a culpa da morte do bebê à mãe (vítima do ocorrido). O que ali está expresso chega a tratar o caso como “fatalidade”, e afirma: “a gestante deu entrada novamente na unidade no dia 12 mesmo tendo sentido o feto parar os movimentos a 2 dias”.
Observa-se também uma contradição nos relatos da nota com o depoimento do jovem pai e para alguns especialistas, ouvidos por nossa reportagem, a nota acaba por agravar ainda mais o caso e a suspeita de negligência, pois deixa claro que a paciente procurou a unidade no dia 09/08 para pedir ajuda, portanto no período em que o seu bebê ainda estava vivo e apresentando movimentos; que a paciente foi tranquilizada e orientada a voltar a sua casa e retornar ao Hospital em caso de perda de líquido, sangramento e falta de movimentos fetais.
Mais adiante, ao que se percebe nos esclarecimentos, há também uma aparente tentativa de eximir a responsabilidade do Hospital que não percebeu ou não poderia atestar a gravidade do problema: “Normalmente não são perceptíveis em nenhum exame feito em nosso município, mesmo em clínicas privadas”, mas segundo uma especialista em saúde ouvida por nossa reportagem o procedimento correto seria solicitar uma ultrassonografia do bebê que poderia identificar a gravidade do caso ou, no mínimo, ter mantido a mãe em observação na Unidade Hospitalar por pelo menos 6 horas quando a mesma procurou ajuda no dia 09/08 e caso não houvesse melhora seria um caso de internação ou até de uma cesária.
A Nota do Hospital deixa claro que havia uma possibilidade de algo grave estar acontecendo com a gestação, mas que a unidade não tinha possibilidades de fazer exames para atestar o fato, logo, podemos concluir que a mãe deveria ter ao menos a chance de ser transferida para uma Unidade de Saúde de Feira de Santana ou Salvador, onde poderia fazer este exame mais detalhado ou até realizar um parto de risco e então pudesse ter as chances de salvar a vida do seu bebê.
A nossa equipe apurou que atualmente a Prefeitura Municipal tem um contrato vigente até dezembro de 2023 com uma Empresa no valor de R$ 397.040,00 (Trezentos e noventa e sete mil e quarenta reais) que seria responsável por realizar “Ultrassom e Mamografia” e “exames nos pacientes em atendimento no Hospital Municipal Monsenhor Berenguer”, portanto se o Hospital possivelmente dispõe dos recursos para o exame, pergunta-se: Por que não foi realizado na paciente?
Não é segredo para ninguém que o Hospital Monsenhor Berenguer vem enfrentando graves problemas desde o início da atual gestão e acumula grande parte dos atendimentos após o fechamento da UPA. Não são poucos os relatos de moradores, pacientes, funcionários sobre casos como: atraso de salários, troca frequente de funcionários, falta de experiência de funcionários, falta de medicamentos, problemas na regulação e até de casos graves de mortes suspeitas por negligência médica, como ocorrido em março de 2022, onde uma bebê que nasceu prematura veio a óbito após aguardar 5 dias por uma UTI. “chegaram até a derrubar um cilindro de ar na cabeça de um idoso”, relatou uma paciente que enviou a foto a nossa redação. Segundo informações, alguns destes casos já teriam sido até denunciados ao Ministério Público.
Diante da gravidade do ocorrido a atual Prefeita Silvânia Matos chegou a afirmar publicamente que os problemas do Hospital estariam relacionados à falta de verba: “Fica difícil eu como gestora administrar um Hospital com apenas 280 mil reais, o Samu 80 mil reais, e a Atenção Básica que custa em média um milhão e meio, só recebemos 500 mil reais”. Segundo a prefeita, o total de R$ 860 mil de repasses ainda é insuficiente para administrar o Hospital, pois acaba sempre gastando mais e “a conta não fecha”. A Prefeitura chegou até a contratar uma Empresa especializada na gestão hospitalar, que terceirizou grande parte dos funcionários, mas devido a problemas e reclamação da população, a Prefeita resolveu, no início de abril, rescindir o contrato com essa Empresa terceirizada, voltando a assumir a total responsabilidade sobre a atual gestão da principal Unidade de Saúde do Município.
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